A concorrência interna entre empregados faz parte do cotidiano da maioria dos negócios. Seja de forma aberta ou não, a maioria das empresas cria uma dinâmica na qual os funcionários competem uns contra os outros por reconhecimento, gratificações ou promoções.
O Jornal The New York Times analisou vários segmentos: grandes corporações, bancos, escritórios de advocacia e empresas de tecnologia e classificou que a competição é uma tarefa exaustiva, principalmente quando se trata de cargos de gerencia e alto escalão dessas empresas.
Alguns estudos sugerem que essa competição pode motivar os funcionários a se esforçar mais e obter melhores resultados. De fato, a competição aumenta a competição mantém as pessoas mais preparadas fisiologicamente e psicologicamente, preparando o corpo e a mente para um esforço maior, permitindo um desempenho mais elevado.
No entanto, os funcionários podem alcançar seus resultados de diferentes maneiras. Um exemplo é a Wells Fargo, uma instituição financeira americana, onde por conta dessa competitividade os colaboradores entregaram números de vendas mais altos criando secretamente milhões de contas não autorizadas no banco e também de cartões de crédito — um caminho antiético para obter resultados com custos muito alto a longo prazo para a empresa.
Mas os colaboradores também podem superar sua concorrência através da inovação. Se os colaboradores competem para encontrar novas oportunidades para prestar serviços aos seus clientes ou criar uma maneira de apresentar uma nova ideia de produto que o mercado necessita, a concorrência interna pode se traduzir em uma vantagem competitiva para as organizações.
A grande dúvida é: Como desencadear a criatividade em seus colaboradores na competição e não comportamentos antiéticos? Tudo isso vai depender de como é imposto o processo de competição dentro da empresa. Como seus colaboradores vão se sentir no processo: ameaçados ou incentivados.
Algumas competições provocam medo e ansiedade, porque concentram nos funcionários a ameaça de serem demitidos, de perder renda ou de serem humilhados publicamente. Outras competições focam no processo inverso, remunerar os melhores e repassar um reconhecimento público por seus desempenhos, isso cria uma excitação e faz as pessoas aumentarem suas expectativas e animação
Ansiedade e entusiasmo são sentimentos muito diferentes para uma competição. Mais importante ainda, esses sentimentos fazem as pessoas se comportarem de forma diferente.
Vários estudos mostram que quando os funcionários interpretam a sua excitação em uma competição com ansiedade e medo, eles estão menos propensos a selecionar comportamentos criativos para resolver problemas e mais propensos a adotarem comportamentos antiéticos. Por outro lado, quando as pessoas interpretam o desafio com excitação, eles são mais propensos a selecionar comportamentos criativos para resolver problemas e menos propensos a serem antiéticos em suas decisões.
Em um estudo, foram selecionados 204 funcionários dos mais diversos setores, e foram questionados como as diferentes políticas de competição dentro de sua empresa (como bônus, gerenciamento de desempenho e promoções) os faziam se sentir. Também foi solicitado como eles faziam para se destacar em relação aos seus demais colegas diante de cada uma das políticas.
Algumas respostas foram: “Pesquisar novas tecnologias, processo, técnicas e/ou ideias de produtos”. Outros comportamentos eram antiéticos, como “tomar crédito pelo trabalho de seu colega” ou “concordar em ajudar seu colega, mas não o fazer.”
Os resultados mostraram que quando as políticas de competição suscitavam entusiasmo, os funcionários eram significativamente mais propensos a usar a criatividade. Quando os colaboradores sentiam ansiedade diante das políticas impostas, eles tinham maiores tendências a “dar um jeitinho”, sabotar trabalhos de concorrentes, enfim, a ter comportamentos antiéticos.
Aqui está o problema na gestão: Alguns gerentes destacam as consequências positivas que poderiam resultar (“Se você conseguir vender mais você receberá um bônus substancial neste mês”). Já outros gerentes, destacamos resultados negativos (“Se você não conseguir vender tal quantia você perderá seu bônus substancial neste mês”). Naturalmente, ambos significam a mesma coisa, mas um focaliza gerentes em perder algo quando o outro focalizar em ganhar algo.
Esse foco diferenciado no momento de se passar o feedback para seus colaboradores pode ser o divisor de águas entre uma concorrências saudável e uma desastrosa, que não trás benefícios a longo prazo para sua empresa e nem para seus colaboradores.
Focar na perda torna seus colaborares mais ansiosos, e focar no ganho adicional tornou o trabalho mais leve e animado e muito menos propenso a desvios éticos de comportamentos.
Isso sugere que a forma como uma competição faz com que as pessoas se sentiam desempenha um papel crucial na forma como que elas competem.
Esta é uma descoberta importante por que muitos líderes, particularmente em indústrias competitivas, acreditam que é motivador impor uma ridicularização publica dos “perdedores” de competições internas. A forma como líderes e gestores se comunicam sobre a concorrência pode fazer com que os colaboradores experimentem ansiedade ou entusiasmo em relação a competição.
Mas como os líderes podem aumentar o entusiasmo? Um bom exemplo é incentivar os seus colaboradores a utilizarem seus “pontos fortes” de forma que beneficie os outros, bem como a si mesmos. Assim, ao enquadrar uma competição, os líderes podem lembrar seus seus colaboradores a usar as habilidades nas quais eles são excepcionalmente bons. Os líderes também podem destacar como o sucesso ajudará os clientes e também ajudará os objetivos da organização.
A concorrência entre os empregados pode ser uma parte inescapável da vida de trabalho de muitas pessoas e pode levar a um melhor desempenho. Mas se os líderes querem assegurar que a competição desencadeie a criatividade e a não comportamentos antiéticos, eles devem resistir a tentação de liderar através do medo.